domingo, 26 de dezembro de 2010

Lasar Segall

Lasar Segall

Lasar Segall nasceu em Vilna, capital da Lituânia em 21 de julho de 1891 e faleceu em São Paulo, no Brasil em 2 de agosto de 1957.


Desde cedo o artista de origem judia mostrou interesse pelo desenho, iniciando os estudos em 1905 quando ingressou na Academia de Desenho de Vilna e no ano seguinte mudou-se para Berlim, iniciando os estudos .


Em 1905 freqüenta a Escola de Desenho em Vilna, onde recebe apoio para viajar para continuar com os estudos e quando Lasar Segall tinha 15 anos vai para Berlim para prosseguir com a formação artística, freqüentando a Escola de Artes Aplicadas e depois ingressa na Academia Imperial de Belas Artes em Berlim e recebe bolsa de estudo.


O artista Lasar Segall sai da Academia de Berlim em 1910 e já no final do ano transfere-se para Dresden, onde é aluno-mestre, com ateliê próprio na Academia de Belas Artes e em 1911 regressa a Vilna para visitar a família.


Em 1912 vai para Holanda e em Amsterdã desenha algumas pessoas em um asilo para idosos e no final do ano passa pelo porto de Hamburgo, indo para o Brasil, cujas terras já abrigavam os irmãos Oscar, Luba e Jacob.


Em março de 1913, acontece a exposição individual num salão alugado no número 85 da Rua São bento em São Paulo, mostrando trabalhos que transitam entre o impressionismo e o estilo único de Lasar Segall. Nesse período é que Jenny Klabin, futura esposa do artista, tem aulas com Lasar Segall e em junho acontece uma exposição individual no Centro de Ciências, Letras e Arte de Campinas. No final de 1913, Lasar volta para a Europa e é na Alemanha que conhece Margarete Quack com a qual, após o fim da primeira Guerra Mundial, se casaria.


Lasar Segall recebe uma autorização para regressar à Dresden em 1916 e no final desse ano, regressa à Vilna, encontrando-a destruída em conseqüência da guerra, cidade natal do artista.

Em 1918, após ter contraído a gripe espanhola em novembro, permanece em Vilna. De volta a Dresden, publica o álbum 5 Litographien nach der Sanften (Cinco litografias sobre Um doce criatura), baseado no conto Krotkaya (Uma doce criatura, de Dostoievski), com o prefácio do crítico Will Grohmann.


Lasar Segall cria com os artistas Otto Dix, Will Heckrott, Otto Lange, Conrad Felixmüller, Constantin von Mitschke-Collande, Otto Schubert, Gela Foster, Peter August Böckstiegel e o arquiteto Hugo Zehder, a Dresdner SezessionGruppe 1919 (Secessão de Dresden, Grupo 1919), na Galeria Emil Richter, em Dresden, entre abril e maio. Os convidados de outras cidades, como George Grosz, Schmidt-Rottluff e Kurt Schwitters, entre outros, participam em junho de 1919 de uma nova mostra da Secessão de Dresden.


Ainda em 1919 é um dos 141 artistas e intelectuais que participa do questionário organizado pelo Arbeitsrat für Kunst (Conselhos dos Trabalhadores da Arte), que tratava da importância do artista na sociedade e das relações da arte com o Estado e o artista produz também uma série de paisagens inspiradas da estadia de Lasar Segall na ilha de Hiddensee, no Mar Báltico, no norte da Alemanha.

Em 1920 acontece uma grande exposição individual de Lasar Segall no importante museu Folkwang Museum localizado no oeste da Alemanha, em Hagen, inaugurada com conferência de Will Grohmann. Alguns trabalhos que foram vislumbrados nessa individual do artista foram as telas Kaddish (1917), Morte (1917), Gestante (1919), Meus avós (em sua primeira versão; a tela viria a ser retrabalhada posteriormente, em 1921) e Auto-retrato (1919). Nesse mesmo ano o escritor russo Ivan Goll faz uma visita ao artista e o Museu de Essen adquire a obra Dois Seres (1919), o Museu Folkwang a pintura A viúva (1919) e o Museu Municipal de Dresden a pintura Eternos caminhantes (1919).


O álbum Secessão de Dresden- Grupo 1919, contendo as gravações de Lasar Segall, Otto Dix, Will Keckrott, Otto Lange, Eugen Hoffmann e Constantin von Mitschke-Collande é publicado em 1920 e o artista colabora em Dresden, para a criação da Escola de dança Mary Wigman, o maior destaque da dança expressionista alemã.


O livro de Theodor Däubler, da coleção Jüdische Bücherei, é ilustrado por Lasar Segall, que ainda em 1920 conhece Paul Klee e tem uma exposição individual na Galeria Schames de Frankfurt.

Em 1921 a Galeria von Garvens, de Hannover exibe entre março e abril de 1921 exibe a exposição de Arte Russa com a participação de Lasar Segall, que também ajuda a organizar a exposição de arte moderna italiana Valori Plastici que acontece na sede do Kunstsalon Emil Richter, em Dresden. Torna-se amigo do pintor russo Wassily Kandinsky e convive com outros intelectuais e artistas como El Lissitzki, Alexander Archipenko e Naum Gabo.


Ainda no ano de 1921 publica o álbum Bubu, inspirado no romance Bubu de Montparnasse de Charles Louis Philippe, cujo prefácio era do diretor do Museu Municipal de Dresden Paul Ferdinand Schmidt, com 8 litografias de Lasar Segall, que se muda com a esposa Margarete para Berlim.


Lasar Segall reside em Dresden até 1921. Nesse período acontece a 1º Guerra Mundial, período no qual acontecem grandes crises econômicas, políticas e sociais que se sucedem e têm conseqüências na arte expressionista.


O Expressionismo foi um movimento de vanguarda originado na Alemanha, no início do século XX, que tinha algumas características marcantes como a projeção da reflexão individual e subjetiva do artista nas obras, a deformação da realidade para expressar o ser humano e a natureza, utilização de cores fortes e de temas como a miséria, a solidão e temas proibidos (o demoníaco, o excitante, o sexual, o fantástico e o pervertido).


O movimento expressionista se desenvolveu no período pré-bélico, na Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e no período entre Guerras (1918-1939) e mostrou a amargura, o pessimismo, a angustia de cada pessoa alienada frente às mudanças de um mundo em plena transformação industrial.


Na obra Fome, de 1917 podemos observar bem como em Mulher sentada, de 1921, essas características, os seres humanos alienados e excluídos, marginalizados, emigrantes, mendigos, pessoas fisicamente e mentalmente doentes são retratadas por Lasar Segall como se fossem marionetes, desarticulados, com o olhar perdido, deslocados, com os membros superiores e inferiores definhados que convivem juntos ao mesmo tempo, porém cada ser do conjunto representando um ser individual.


Em Mulheres errantes II versão, de 1919, o artista também retrata a decadência de várias utopias, pois na Alemanha de 1919 e 1920, as obras de Segall imortalizou a perplexidade, a desorientação dos seres humanos, descrentes, sobrevivendo pelas ruas, extremando a simplificação do expressionismo do artista.


A exposição Internacional de arte de Eldoradense, a Internationale Kunstausstellung, que acontece entre maio e julho de 1922 conta com a participação de Lasar que também representa a Secessão de Dresden no Congresso da união dos Artistas Internacionais Avançados e segundo relatos do próprio artista na autobiografia, foi assim que conheceu os pintores Yankel Adler, Max Ernst, Gert Wollheim e Arthur Kaufmann. Nesse mesmo ano, há nova parceria com Paul Ferdinand Schmidt, que colabora com o prefácio do álbum Recordação de Vilna em 1917 e Lasar Segall com 5 pontas-secas.


Em 1922 a obra Rua é criada e traz o drama humano, social e econômico das prostitutas, cujo tema foi explorado pelo artista no período alemão e nos desenhos e gravuras realizados entre 1920 e 1930, tendo como inspiração a região do mangue carioca e novamente perto do falecimento do artista.


Lasar Segall expõe individual de gravuras na Galeria Fischer, de Frankfurt e no Gabinete de Estampas do Museu de Lepzig em abril de 1923 e depois ilustra com 17 gravuras o livro Maasse-Bichl (Pequeno livro de estórias), de David Bergelsohn pela editora Wostock de Berlim e finalmente Lasar e a esposa Margarete vêm para terras brasileiras.


No final de 1923 Lasar conhece a região do mangue carioca, cuja zona de prostituição resultará em pinturas e em coleções de gravuras em metal e madeira a partir de 1928 enquanto o artista estava na França e no álbum Mangue de 1943.


Em 1924 passa pelo Rio de Janeiro e desembarca no porto de Santos e logo depois recebe na residência em São Paulo, localizada no número 31 da Rua Oscar Porto no dia 8 de fevereiro, a visita de simpatizantes do modernismo, como Olívia Guedes Penteado e em março tem exposição individual no número 24 da rua Álvares Penteado em São Paulo.


No autorretrato Encontro de 1924, há indícios que Lasar tenha iniciado a obra ainda na Alemanha, utilizando uma fotografia de 1919, tirada no dia do casamento com Margarete. Nesse óleo sobre tela, o qual é considerado o primeiro e mais intenso símbolo da integração do artista à vida brasileira, Lasar aparece com o tom de pele marrom,como se fosse um mulato, e ao fundo podemos observar elementos da Nova objetividade, com arquitetura em segundo plano, marcado pelo estilo linear.


Lasar Segall separa-se de Margarete, que retorna para Berlim e em novembro de 1924 o artista realiza trabalhos de decoração para o Baile Futurista, evento ocorrido no Automóvel Club de São Paulo e participa da conferência na Vila Kyrial, “Sobre Arte” na famosa residência do senador José de Freitas Valle, conhecida como importante centro de reunião de intelectuais e artistas da época.


O Pavilhão de Arte Moderna de Olívia Guedes Penteado, localizado no jardim da residência dela na Rua Conselheiro Nébias, reconhecido lugar de reunião dos modernistas, é decorado em 1925 pelas pinturas murais de Lasar, que recebe o seguinte comentário de Mário de Andrade “Segall se revelou na decoração desse salão um idealista de felicidade. E me parece que foi esse idealismo que lhe permitiu chegar nos quadros atuais a um conceito mais realista de realidade, abandonando aquele trágico mortificante e incessante que lhe caracteriza toda a obra anterior à fase brasileira”.


Em 1925 cria a tela Paisagem brasileira e em junho casa-se com Jenny Klabin, cuja lua-de-mel se passa no Rio de Janeiro e em dezembro o casal viaja para a Europa.


A Galeria Neumann-Nierendorf, de Berlim e a Galeria Neue Kunst Fides, de Dresden expõem obras do artista produzidas no Brasil entre 1924 e 1926 em 1926. Em abril nasce o primeiro filho, em Berlim, que recebe o nome de Maurício e em outubro lasar e sua família retornam ao Brasil.


O pai de Lasar falece em fevereiro de 1927 em São Paulo, mesmo ano em que Lasar se naturaliza brasileiro em dezembro expõe na individual na altura no número 50 da rua Barão de Itapetininga da cidade de São Paulo.


Acontece em julho de 1928, no Palace Hotel do Rio de Janeiro uma exposição individual na qual Lasar mostra os trabalhos realizados no Brasil entre 1924 e 1928, a chamada “fase brasileira” do artista, com características com intensa influência do Brasil, com temas com imagens de negros, vegetação tropical, favelas e utilização de cores vivas e iluminadas. A famosa obra O bananal é adquirida em novembro de 1928 pela Pinacoteca do Estado em dezembro Lasar regressa à Europa, onde começa a esculpir, durante a residência de 4 anos em Paris.


Oscar, o segundo filho do artista, nasce em fevereiro de 1930 em Paris.


Em abril de 1932 Lasar Segall volta ao Brasil, com residência na rua Afonso Celso em São Paulo e com o projeto do concunhado Gregori Warchavchinik constrói o ateliê ao lado de sua residência com o objetivo de construir a Escola de Arte Lasar Segall que não se concretizou.


Lasar projeta tapetes e móveis para a decoração da casa, mostrando a simplicidade das formas propostas pela Bauhaus e também em 1932 é sócio fundador da SPAM (Sociedade Pró Arte Moderna), cuja comemoração da criação acontece na casa da bailarina Chinita Ullman, através da festa “São José Silvestre em Farrapos”, cuja decoração é através dos painéis pintados por Segall.


Em fevereiro de 1933 Lasar faz o projeto e a decoração do baile “Carnaval na Cidade de SPAM”, em São Paulo, nos Salões do Trocadero, em abril e maio participa da Primeira Exposição de arte Moderna da SPAM e em agosto tem uma exposição individual de águas-fortes e aquarelas na Pró-Arte do Rio de Janeiro.


O projeto e a decoração do baile “Uma expedição às matas virgens de Spamolândia” são realizados por Lasar em fevereiro de 1934 na Rua Martinho Prado em São Paulo em março se realiza mais uma individual do artista na Casa d’Arte Bragaglia em Roma em maio outra exposição individual em Milão na Galeria Il Milione.


Em 1935, por pressão do Integralismo, grupo simpatizante do nazismo que era hostil aos judeus, a SPAM é extinta.


A mostra Entartete Kunst Ausstellungsführer (Exposição de Arte Degenerada), promovida e organizada pelos nazistas em 1937 em Munique, expõe 3 pinturas e 7 gravuras de Segall, com o objetivo de desqualificar e rebaixar a Arte Moderna e em maio mostra seu trabalho no Primeiro Salão de Maio, no Esplanada Hotel em São Paulo.


O Brasil é representado oficialmente em Paris por Lasar Segall no Congresso Internacional de Artistas Independentes em 1937.


Em fevereiro de 1938 tem uma exposição individual de guaches e pinturas na Galeria Renou ET Colle em Paris. Nesse mesmo ano o Museu Jeu de Paume (atualmente Museu Nacional de Arte Moderna, em Paris) adquire a obra Retrato de Lucy VI (1936) e a pintura Jovem com Arcodeão II (1937) é adquirida pelo Museu de Arte de Grenoble. Lasar expõe no Segundo Salão de Maio no Esplanada hotel em São Paulo e também faz cenários para o balé “Sonhos de uma noite de verão”, encenado pela Companhia de Balé de Chinita Ullman em São Paulo, no Teatro Municipal.


O livro Lasar Segall do crítico Paul Fierens é publicado em Paris pela Editions des Chroniques Du Jour de Paris em 1938.


O filme O artista e a paisagem sobre a obra de Lasar Segall de Ruy santos é produzido em 1942 e m 1943 acontece uma exposição retrospectiva no Rio de Janeiro no Museu Nacional de Belas Artes, publicação entre maio e julho de um catálogo com texto de Mário de Andrade.


O álbum Mangue, contendo 4 gravuras originais e 42 reproduções de desenhos de Lasar é publicado em 1943, com textos de Jorge de Lima, Manuel Bandeira e Mário de Andrade pela editora Revista Acadêmica do Rio de janeiro, abordando o tema da prostituição na região de mangue do Rio de Janeiro.


A Galeria Askanazy no Rio de Janeiro expõe obras do artista na exposição de Arte Condenada do III Reich em 1945.


Em 1945 Lasar Segall faz diversas ilustrações: no livro poesias reunidas o. Andrade, de Oswald de Andrade pela Edições Gaveta de São Paulo; O livro Canção da Partida, de Jacinta Passos pela Edições Gaveta de São Paulo.


A peça A Sorte Grande (Dos Groisse Guevins) de Sholem Aleichem é encenada em novembro de 1945, cujo cenário é de Lasar Segall, pelo Grupo de Teatro da Biblioteca Scholem Aleichem no Teatro Ginásio no Rio de Janeiro.


Lasar Segall expõe na individual realizada na Associated American Artists Galleries em Nova York, em março de 1948, cuja visita de George Grosz rende um bilhete elogiando obra Navio de imigrantes. A obra Êxodo I (1947) é doada ao Museu Judaico de Nova York nesse mesmo ano.


O ano de 1951 é marcado por vários acontecimentos importantes: Lasar exibe em março numa retrospectiva no Museu de Arte de São Paulo, conquista uma sala especial na I Bienal do Museu de Arte Moderna de São Paulo e conhece Myra Perlov que se torna sua modelo em vários retratos.


Pietro Maria Bardi publica pela editora Museu de Arte de São Paulo o livro Lasar Segall em 1952, ano no qual o artista lituânio também participa como consultor do curso de artes plásticas promovido pelo Instituto de Arte Contemporânea do MASP.


Em 1954 Lasar realiza figurinos e cenários para o balé O mandarim maravilhoso, encenado em São Paulo pela Companhia Ballet IV Centenário, com música de Bela Bartok e coreografia de Aurélio Milloss.


Lasar Segall torna a usar alguns temas anteriores, como a série Erradias, Favelas e Florestas, compostas predominantemente pela verticalidade, em 1954.


Entre julho e outubro de 1955, Lasar tem uma sala especial na III Bienal do Museu de Arte Moderna de São Paulo e no mesmo ano é produzido por Marcos Margulies o documentário sobre a obra de Lasar Segall, A esperança é eterna.


Acontece entre fevereiro e março de 1956 a mostra 50 anos de Paisagem Brasileira, no Museu de Arte Moderna de São Paulo, na qual Lasar participa.


A Rua Afonso Celso em São Paulo, em 2 de agosto de 1957,é palco do falecimento do artista, por doença cardíaca.

Fonte: http://www.museusegall.org.br/


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